segunda-feira, 11 de abril de 2011

Proposta de trabalho 2 - Ricardo Reis

Ricardo Reis

      Ricardo Reis, o heterónimo mais disciplinado e moderado quanto às suas emoções, contem-se em todos os seus poemas, negando assim todo o tipo de sofrimento que os sentimentos lhe poderão causar. Defensor da efemeridade da vida e dos momentos, desprende-se assim dos compromissos sociais e objectivos que exigem esforço. Aproveita assim a vida à media res sem grandes oscilações emocionais.
      Os versos que nos foram propostos para trabalhar tipograficamente foram “Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço” . Apenas com uma rápida leitura podemos realmente verificar a efemeridade e leveza que Ricardo Reis retrata nos seus versos.
      Desde o primeiro momento que quisemos fazer com que o resultado do nosso trabalho tipográfico fosse bastante leve, com uma ideia de movimento e inconstância. A imagem principal da nossa composição é o enquadramento da figura da “pagã triste”, ou seja da mesma forma que podemos ler, podemos também ver uma pagã triste. Utilizamos o “G” de pagã para dar forma ao seu corpo interagindo com as diferentes letras, sendo assim um elo de ligação entre os diferentes componentes tipográficos.
      Saltando agora de novo para o início do poema, identificamos a primeira palavra “ser-me-ás” como a palavra mais sólida da composição, segundo a nossa análise, esta palavra seria a componente mais ligada ao autor, assim sendo mais próxima e carregada. Seguidamente temos a palavra “suave”, é a introdução para a simplicidade e constante mudança e efemeridade dos versos. “Suave” está assim representada como uma palavra que se desvanece ao longo do tempo, sendo assim bastante atenuante à memória de cada um.

      “à memoria, lembrando-te assim à beira-rio” está agora representada em forma de corrente de um rio, para dar a ideia de movimento, constante mudança e também uma rápida passagem pela vida de cada um. Todos nós sabemos que a memória não é tangível e está em constante construção e mudança, assim sendo, a corrente de um rio, foi a forma mais fácil de a representar.
      A palavra “triste” que é incluída na figura da pagã triste com flores no regaço, que esta aqui identificada com lágrimas, podemos ver a nossa figura a chorar, apenas com os elementos tipográficos.
      Por fim temos também “com flores no regaço”, que está estrategicamente colocado logo a seguir à forma da “nossa” pagã triste.
      A composição é a combinação de vários elementos tipográficos que nos dão uma imagem de suavidade, conjugado com a brevidade das situações e momentos que estão presentes na nossa memória.


Mariana Cintra e Catarina Cruz

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